Câncer de Apêndice
e Peritônio
Se por um lado a apendicite aguda é uma situação muito comum, os tumores do apêndice são raros. Encontramos basicamente dois tipos de tumores no apêndice: os tumores epiteliais (adenomas e adenocarcinomas) e os tumores neuroendócrinos.
Já o peritônio não é um órgão, mas uma membrana fina e viscosa que cobre as vísceras abdominais. É raro um tumor começar no peritônio e, nesse caso, são chamados de mesoteliomas peritoneais. Muito mais raros ainda são os adenocarcinomas primários do peritônio. A grande maioria dos tumores encontrados no peritônio são metástases de cânceres de outros órgãos, como estômago, intestino, apêndice, pâncreas, ovário, etc. A essa disseminação pelo peritônio de tumores originados de outros locais chamamos de carcinomatose peritoneal ou disseminação peritoneal.
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Fatores de riscoO câncer colorretal é mais frequente em pessoas com idade entre 65 e 74 anos. Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença, entre eles: alto consumo de carne vermelha, processada ou de embutidos; baixo consumo de fibras, frutas e verduras; sedentarismo; obesidade e sobrepeso; tabagismo; etilismo. Outros fatores também estão associados ao risco, como: síndromes familiais (câncer colorretal hereditário não poliposo; síndrome de Lynch; polipose adenomatosa familial); histórico familiar de câncer; uso regular de aspirina e reposição hormonal (diminuem risco); doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa e doença de Crohn). Embora a história familiar seja muito relevante no risco de câncer colorretal, menos de 8% de todos os casos são comprovadamente hereditários. O consumo elevado de carne vermelha, principalmente de carne processada, pode elevar o risco de câncer colorretal em até 22%, em grupos populacionais que consomem mais do que 100g diárias de carne. Tal associação já foi tão bem estabelecida em estudos científicos que levou a Organização Mundial de Saúde, por meio da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), a colocar o consumo de carne processada na categoria I de agentes carcinogênicos para o ser humano. Por outro lado, o consumo de fibras, frutas e verduras têm sido associado à diminuição do risco, chegando a reduzir em até 16% o risco de desenvolver a doença. A contribuição da obesidade no risco de câncer colorretal também é significativa, chegando a aumentar em até 30% o risco entre os homens.
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Sinais e SintomasO câncer colorretal, quando está em fase inicial, geralmente não costuma apresentar sintomas. Conforme a doença vai progredindo, alguns sinais podem aparecer, são eles: Presença de sangue nas fezes Mudança de hábito intestinal Cólicas abdominais Dor ao evacuar Diarreia ou prisão de ventre que não passam Sensação de empachamento Perda de peso inexplicável e anemia Esses sintomas são relativamente comuns e podem estar presentes também em doenças benignas como hemorroidas, fissuras anais ou constipação intestinal crônica. É importante estar atento a qualquer alteração e buscar uma avaliação médica para investigação.
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PrevençãoO rastreamento do câncer colorretal é uma das ferramentas mais efetivas para a prevenção. Geralmente, quando surgem os pólipos, o tempo para o desenvolvimento do câncer é de cerca de 5 a 10 anos. Pólipos são tumores benignos mas com potencial para se tornarem malignos. A prevenção se baseia principalmente na remoção desses pólipos. Com exames regulares, os pólipos podem ser identificados e removidos precocemente, antes de se transformarem em câncer. O rastreamento também pode diagnosticar o câncer colorretal em fases iniciais, quando as chances de sucesso no tratamento são maiores. O exame considerado padrão-ouro para o rastreamento é a colonoscopia, pois além de sua precisão também tem a vantagem da detecção e remoção dos pólipos. A recomendação para colonoscopia é de que seja realizada em pessoas assintomáticas, entre 50 e 75 anos de idade quando não houver história familiar de câncer colorretal, com periodicidade entre 5 e 10 anos. Em caso de história familiar, tanto a idade de início do rastreamento como a periodicidade devem ser avaliadas e orientadas por um especialista. Mais uma alternativa eficaz no rastreamento do câncer colorretal é o exame de pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF). Na verdade, a PSOF é uma triagem para a colonoscopia, onde só os indivíduos com teste positivo devem realizar a colonoscopia. A prevenção também considera os hábitos de vida. Nesse caso, estão: - adotar dieta equilibrada, com consumo moderado de carne vermelha, evitando carnes processadas e embutidos; - aumentar a ingestão de fibras, frutas e verduras; - fazer atividade física regularmente, evitando o ganho de peso; - não fumar e consumir bebida alcoólica com moderação.
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DiagnósticoÉ recomendado o rastreamento do câncer colorretal para diagnóstico precoce a pessoas assintomáticas, entre 50 e 75 anos de idade, quando não houver história familiar de câncer colorretal, com periodicidade entre 5 e 10 anos. Em caso de história familiar, tanto a idade de início do rastreamento como a periodicidade devem ser avaliadas e orientadas por um especialista. Diante da presença de qualquer sinal ou sintoma, a colonoscopia deve ser indicada, independentemente da idade ou da história familiar. Uma vez identificado o câncer colorretal pela colonoscopia e confirmado pela biópsia realizada durante o exame, inicia-se a fase de estadiamento. O objetivo do estadiamento é a determinação da extensão da doença para planejamento do tratamento. Para isso, são utilizados exames complementares de acordo com o padrão de disseminação do câncer, que pode ser por contiguidade (podem invadir estruturas ou órgãos adjacentes), por via linfática e por via hematogênica (corrente sanguínea), além da disseminação peritoneal. Na disseminação hematogênica, os órgãos mais frequentes que podem ter metástases são o fígado e o pulmão. Outros órgãos como ossos e sistema nervoso central são menos comuns e ocorrem já em fase mais avançada da doença, normalmente depois das metástases hepáticas e pulmonares. Conhecendo esse padrão de disseminação, os exames recomendados na fase inicial de estadiamento do câncer colorretal incluem: tomografia de abdome e pelve para avaliação locorregional, linfonodal, de fígado e peritônio; radiografia ou tomografia do tórax, com marcador tumoral sérico CEA (antígeno carcinoembrionário), que será importante ferramenta para acompanhamento após o tratamento. Já para o câncer de reto, a tomografia pélvica é substituida pela ressonância magnética da pelve.
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TratamentoO tratamento para o câncer colorretal leva em consideração vários fatores e deve ser individualizado. Para tumores do cólon e do reto alto (dentro da cavidade peritoneal), em se tratando de doença localizada, ou seja, sem metástases, a cirurgia é a primeira e principal modalidade de tratamento. A cirurgia radical, ou seja, com intenção curativa, é aquela que faz a ressecção do segmento de cólon e são preferencialmente realizadas por via laparoscópica. A laparoscopia, via de acesso minimamente invasiva, oferece vantagens importantes, como menor tempo de internação, menos dor pós-operatória e melhor recuperação pós-operatória, sem nenhuma diferença nos resultados oncológicos de longo prazo. Após a cirurgia, a necessidade da realização de quimioterapia adjuvante (preventiva, após a cirurgia) depende do resultado do exame anatomopatológico, quando o estadiamento se completa: - tumores classificados como estadio I: a cirurgia é o único tratamento, não havendo benefício de quimioterapia pós-operatória. - tumores classificados como estadio II, o benefício da quimioterapia ainda é limitado, mas pode ser considerada na dependência de outros fatores de alto risco. - tumores estadio III, a quimioterapia adjuvante deve ser indicada. A decisão sobre a indicação ou não de quimioterapia é de competência do Oncologista Clínico. Para os tumores do reto extraperitoneal, a estratégia de tratamento é diferente em relação aos tumores mais internos. O estadiamento clínico locorregional deve ser bem mais preciso, motivo pelo qual a ressonância magnética se mostra superior em relação à tomografia. Para tumores do reto abaixo da reflexão peritoneal, a indicação é pelo tratamento quimioterápico neoadjuvante (pré-operatório), na dependência do estadiamento clínico. Além da cura, a preservação do ânus também é um dos grandes objetivos do tratamento, motivo pelo qual a abordagem dos tumores do reto deve ser individualizada e discutida em grupos multidisciplinares, que determinarão a melhor sequência e modalidades de tratamento para cada caso. - tumores com estadio I, a cirurgia é indicada, sem tratamento pré-operatório, a não ser em casos de tumores muito próximos ao ânus. - tumores considerados como localmente avançados ao estadiamento clínico, o tratamento pré-operatório é indicado, com a realização de radioterapia concomitante à quimioterapia ou mesmo quimioterapia plena. O objetivo principal do tratamento neoadjuvante é a redução do risco de recaída futura, mas em alguns casos, o tratamento neoadjuvante também pode permitir a preservação do esfíncter anal. A decisão sobre tratamento pré-operatório é conjunta, discutida de forma multidisciplinar entre o cirurgião, o oncologista clínico, o radioterapeuta e o radiologista. A cirurgia para câncer do reto é mais complexa. Implica na ressecção do reto pela técnica chamada excisão total do mesorreto (ETM). A preservação do esfíncter anal depende principalmente da localização do tumor, da distância em relação ao aparelho esfincteriano (musculatura anal). Embora algumas técnicas cirúrgicas mais complexas, ainda permitam a preservação do ânus em casos muito bem selecionados, na maioria das vezes, para esses tumores muito baixos, a cirurgia indicada é a amputação de reto, com colostomia definitiva. Ileostomias ou colostomias temporárias são também frequentemente realizadas em cirurgias com preservação de esfíncter, com objetivo de proteger as anastomoses baixas (emendas entre o cólon e o reto), desviando o trânsito fecal temporariamente. Cirurgias minimamente invasivas também são realizadas para câncer do reto. Nesse contexto, a cirurgia robótica em câncer do reto vem ganhando cada vez mais espaço. Em homens, em pacientes obesos ou sobrepeso ou em tumores muito baixos, a cirurgia robótica já pode ser considerada como técnica mais vantajosa. Para os pacientes que apresentam metástases ao diagnóstico (estádio IV) ou no seguimento, a quimioterapia passa a ser a modalidade mais importante de tratamento, com exceção de casos selecionados de metástases no fígado, no pulmão ou no peritônio, em que cirurgias de remoção de metástases resultam em ganho de sobrevida e, algumas vezes até cura.