Uma das características das pessoas diagnosticadas com câncer é a sua idade: a maioria dos diagnósticos ocorrem depois dos 50 anos. Essa tendência também é observada para os casos de câncer colorretal. No entanto, nos últimos anos, houve um grande aumento em pessoas jovens, inclusive na faixa etária de 10 a 14 anos, com um registro 500% maior de 1999 a 2020.
Esse dado é um entre os apresentados no estudo da Universidade de Missouri-Kansas City (EUA) na Semana de Doenças Digestivas. Outros aumentos registrados foram de 333% dos 15 aos 19 anos, de 185% dos 20 aos 24 e de 71% dos 30 aos 34 anos.
Outros estudos também apontam esse crescimento do câncer colorretal em idades mais jovens. O levantamento Global Burden of Disease Study, de 2019, aponta que houve 79,1% mais diagnósticos em adultos jovens nos últimos 30 anos.
Quais os motivos para esse aumento?
Uma das hipóteses é o consumo cada vez mais precoce de alimentos ultraprocessados, assim como a exposição a hábitos de vida não saudáveis, como tabagismo, inatividade física e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Doenças como obesidade e condições inflamatórias intestinais também podem estar diretamente associadas ao desenvolvimento do câncer colorretal nos mais jovens.
Portanto, o câncer colorretal é uma doença que pode ser prevenida em muitos casos. Para aumentar as chances de isso ocorrer, é necessário, principalmente, ter uma alimentação rica em frutas, verduras e cereais, assim como praticar exercícios físicos e evitar ingerir bebidas alcoólicas de forma exagerada.
Vale lembrar também dos casos de tumores ligados a fatores hereditários. Caso mais de uma pessoa na família receba o diagnóstico do mesmo tipo de câncer, pode ser indicativo de uma síndrome hereditária. Trata-se de uma mutação genética, que passa de pai para filho, e que pode aumentar os riscos de a doença aparecer.
Com maiores riscos de ter um câncer colorretal, é possível rastreá-lo?
Existe um exame bastante indicado para o rastreamento do câncer colorretal que é a colonoscopia. Indicada para ser feita periodicamente a partir dos 45 anos (ou antes, em caso de histórico familiar), esse exame não precisa ser feito por toda a população por causa desse aumento de câncer de intestino entre os jovens, mas sim deve ser adotada uma abordagem personalizada, de acordo com cada caso.
Se a pessoa manifesta sintomas como alterações constantes nos hábitos intestinais (como constipação e diarreia), dores abdominais ou notar a presença de sangue nas fezes, ela deve procurar um médico especialista para avaliar a causa desses sintomas.
A colonoscopia pode ser indicada para alguns pacientes, como também outros exames podem auxiliar no diagnóstico ou para averiguar a suspeita de um tumor, como o caso do exame de sangue oculto nas fezes (que pode localizar a presença de sangramentos antes deles se tornarem visíveis a olho nu).