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Cirurgia Robótica: uma evolução no tratamento do câncer colorretal

A cirurgia minimamente invasiva está consolidada há cerca de 20 anos no tratamento de câncer colorretal - tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto.



“A videolaparoscopia é considerada o padrão ouro no tratamento cirúrgico desse tipo de câncer e o uso do robô como o último avanço tecnológico dentro do conceito de cirurgias minimamente invasivas”, informa Samuel Aguiar Jr., diretor do Centro de Tratamento Oncológico (CTO) e líder do Centro de Referência em Câncer Colorretal A.C.Camargo Cancer Center.

 

Atualmente, mais de 90% das cirurgias de câncer colorretal são feitas por vias minimamente invasivas, sendo a videolaparoscopia o carro-chefe. A cirurgia robótica, por sua vez, está ganhando mais espaço no âmbito do câncer colorretal nos casos de câncer de reto.


Aguiar explica que, de modo geral, as cirurgias de câncer de reto são muito mais complexas que as de cólon. “O uso de tecnologia robótica em uma cirurgia de cólon, quando comparamos  com a videolaparoscopia, não se justifica. Isso porque em termos de benefícios para o paciente as duas técnicas são praticamente equivalentes, mas o custo da tecnologia robótica é bem maior”, diz.

 

O cenário muda quando se trata de um paciente com indicação de cirurgia de câncer de reto. Esse tipo de cirurgia é mais complexa, especialmente em um subgrupo de pacientes que é formado por homens com sobrepeso ou obesos e tumores mais baixos, localizados muito próximos do ânus. “É uma localização com uma dificuldade técnica maior em homens, comparado às mulheres que apresentam a região da bacia mais larga”, diz.

 

Em casos de cirurgia de reto de pacientes desse subgrupo, a tecnologia robótica se destaca em, pelo menos, dois pontos: o sistema óptico do robô apresenta imagem tridimensional e a articulação das pinças facilita o procedimento para  o cirurgião. “Na videolaparoscopia, trabalhamos com equipamentos retos e fixos. A articulação das pinças robóticas faz muita diferença em um espaço estreito como é a região do reto”, compara.


Nas duas tecnologias o risco do cirurgião durante o procedimento precisar, devido a algum fator, migrar para uma cirurgia aberta é muito pequeno: entre 5% e 6% na videolaparoscopia e ainda menor na robótica, menos de 1%. Já existem estudos científicos que mostram que no caso da cirurgia robótica de reto, comparada a videolaparoscópica,  as taxas de complicação são menores; há redução no tempo de internação; e a recuperação do paciente mais rápida.

 

Além disso, a avaliação de Aguiar tem como base sua ampla experiência com essas tecnologias em cirurgias de câncer colorretal. O especialista está entre os precursores da cirurgia robótica de câncer colorretal no Brasil. Implantou o programa de cirurgia robótica colorretal no A.C. Camargo Cancer Center, grupo que lidera até hoje, tendo realizado a primeira cirurgia robótica para câncer de reto em 2013.

 

No Brasil, alcançar a curva de aprendizado para a cirurgias minimamente invasivas em câncer colorretal, principalmente para procedimentos complexos como os de câncer de reto, é um dos desafios. “Há estudos asiáticos que indicam a necessidade de 90 procedimentos para o cirurgião atingir o platô de seu aprendizado. Em um programa de residência, o médico inicia seu treinamento e precisa continuar aprendendo”, explica Aguiar. Segundo ele, isso sempre foi uma barreira para aumentar o número de cirurgiões capacitados.


O especialista destaca ainda outro fato: “a tecnologia robótica por facilitar o trabalho do cirurgião tem uma curva de aprendizado menor comparada à videolaparoscopia. No entanto, no Brasil, esbarramos na dificuldade de acesso a essa tecnologia, ainda restrita a alguns centros de excelência”, conclui.

 

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