Apesar da diabetes não ser um fator de desenvolvimento do câncer, as duas doenças têm pontos em comuns. O primeiro deles são as causas que podem ser semelhantes. E a outra questão é que caso o paciente oncológico também seja portador de diabetes, deverá ter cuidado especial ao passar pelo tratamento do câncer.
Essa atenção se deve ao fato de que o diabetes, quando não controlado, pode ocasionar uma alta concentração de açúcar no sangue, que pode gerar problemas cardiovasculares, nos rins e na visão. E durante o tratamento cirúrgico ou quimioterápico, diferentes questões podem interferir e aumentar o nível de açúcar na circulação sanguínea.
Essa condição de excesso de açúcar, chamada de hiperglicemia, ocorre porque o diabetes mellitus é uma doença caracterizada pela falta de insulina ou da incapacidade desse hormônio em atuar da forma adequada no organismo após ser produzido pelo pâncreas. A função da insulina é justamente transportar o açúcar do sangue para as células do corpo utilizarem como energia.
As ligações entre diabetes e câncer
As duas doenças têm fatores de risco semelhantes, principalmente a obesidade e o alto consumo de alimentos ultraprocessados ricos em açúcar. Essa associação é percebida até mesmo estatisticamente: cerca de 20% dos pacientes com câncer também já foram diagnosticados com diabetes.
Quando se fala em câncer, é bom destacar um ponto importante: essa é uma doença com mais de 200 tipos. Logo, os tumores que afetam principalmente a região gastrointestinal (como intestino grosso, estômago, entre outros) são os mais associados à obesidade e ao consumo elevado de ultraprocessados como um fator de risco.
Logo, a prevenção tanto de alguns tipos de câncer quanto da diabetes pode ocorrer com uma alimentação rica em verduras, frutas e cereais, com a prática de exercícios físicos e ao evitar o consumo de comidas ultraprocessadas.
Um lembrete: essa associação com os fatores de risco dos cânceres da região gastrointestinal é com a diabetes tipo 2, que também é a mais comum (mais de 90% dos pacientes com essa condição serão do tipo 2). O outro tipo de diabetes, o 1, além de mais raro, não tem relação direta com a obesidade como a causa.
Atenção à diabetes durante o tratamento oncológico
Como a diabetes é uma doença crônica - ou seja, que não tem cura - é importante que ela esteja controlada durante o tratamento contra um câncer, afinal o foco no momento é justamente eliminar o tumor. Um quadro de diabetes descontrolado pode, inclusive, prejudicar os efeitos do tratamento oncológico.
Outro ponto de atenção é a possibilidade do próprio tratamento gerar riscos para o descontrole da diabetes. Por exemplo, durante a quimioterapia podem ser utilizados corticoides para evitar náuseas, mas as taxas de açúcar no sangue podem crescer.
Momentos complexos como a cirurgia e o pós-operatório também precisam de atenção, pois o risco de infecções pode gerar um descontrole da glicemia. Por isso, é fundamental que, durante o tratamento oncológico, o paciente converse com o médico que o acompanha para tirar dúvidas, seja sobre a diabetes ou sobre outras condições crônicas que podem se manifestar durante as sessões de quimioterapia ou a cirurgia.