Duas doenças que podem afetar o fígado, a hepatite e o câncer de fígado podem sim ter uma relação: mais precisamente de causa e efeito, pois uma hepatite, quando não tratada, pode evoluir para uma cirrose e posteriormente para um tumor maligno no órgão.
Hepatite é o nome dado a uma inflamação no fígado, que pode ser causada por um vírus ou pelo abuso no consumo de bebidas alcoólicas e de alguns medicamentos. Já o câncer de fígado é o nome dado a um tumor que cresce e pode invadir a estrutura do órgão e se espalhar para outras regiões do corpo.
Os fatores de risco da hepatite
Uma das causas mais comuns dessa doença é a infecção por vírus, mais precisamente por cinco tipos: A, B, C, D e E. As mais comuns são as três primeiras, porém, as maiores preocupações são em relação aos tipos B e C, pois são as que causam o maior número de óbitos, além de serem, junto com o tipo D, as que podem evoluir para um câncer de fígado.
As formas de contágio podem variar de acordo com cada tipo de hepatite. As do tipo A e E, por exemplo, ocorrem por água e alimentos contaminados. Já as do tipo B, C e D, pode ocorrer pelo contato das secreções genitais durante a relação sexual sem proteção, assim como o sangue de uma pessoa entrar em contato com o de outra, por meio de seringa compartilhada, por exemplo. Por fim, a hepatite C também pode ser transmitida de mãe para filho durante a gravidez ou o parto.
Evitar os fatores de risco de cada infecção viral de hepatite é um passo importante para a prevenção, ou seja, pratique sexo seguro e lave bem todos os alimentos que for consumir. Outro ponto é a vacinação, disponível na rede pública de saúde no Brasil - para crianças menores de 5 anos a do tipo A, já para os adultos a do tipo B. A imunização protege além das inflamações no fígado, complicações como cirrose, fibrose hepática e câncer.
Mas se houver o diagnóstico da hepatite, como impedir que se torne um câncer no fígado?
Caso a pessoa tenha um quadro de hepatite, ela deve iniciar o tratamento ou a redução da progressão da doença. O diagnóstico pode ocorrer por meio de exame de sangue simples.
Como no caso da hepatite C não há uma vacina que imunize contra a infecção, é importante fazer esses exames de sangue periodicamente. Deve-se ficar atento aos sintomas desse vírus também, apesar de não serem tão comuns nos estágios iniciais, como vômitos, dores musculares, muito cansaço, barriga d'água e icterícia (pele amarelada). Já a hepatite B pode causar fezes claras, urina escura, náuseas e, assim como a do tipo A, mal-estar, dores abdominais e vômitos.
A prevenção contra as hepatites A, B, D e E ganha ainda mais força quando se fala do tratamento dessas doenças: atualmente não há cura, somente medicamentos para controle e que reduzem as chances de complicações causadas pelas infecções. Já a hepatite C tem sim tratamento, que é feito com medicamentos chamados antivirais de ação direta (DAA) por cerca de 12 a 24 semanas.
No entanto, caso a hepatite não seja tratada (seja com o intuito de curar ou de amenizar a doença), as dos tipos B, C e D podem evoluir para um quadro de cirrose hepática, no qual o órgão deixa de realizar suas funções, como produzir bile e metabolizar o colesterol e o álcool, pois enfrenta nódulos que bloqueiam a circulação sanguínea. Por fim, a progressão da doença pode desencadear em um câncer de fígado. Nesse caso, o paciente, provavelmente, passará por uma cirurgia para remover parte do órgão ou, caso esteja avançado, ser submetido a um transplante de fígado.